Resumo:

Introdução: O Aleitamento Materno (AM) é reconhecido como a estratégia mais eficaz na prevenção da morbimortalidade infantil. Além de promover a saúde física e psíquica do lactente e da mulher, o AM reduz diretamente a mortalidade infantil em crianças menores de cinco anos. A primeira semana após a alta hospitalar é vital para estabelecer e manter a amamentação, prevenindo o desmame precoce. Apesar das evidências dos benefícios e recomendações, em 2021 as taxas de prevalência de aleitamento materno exclusivo entre crianças menores de 6 meses no Brasil ainda demonstram estar abaixo do ideal. Objetivo: Compreender a associação entre a assistência pré-natal recebida pelas mães e suas percepções sobre a amamentação na primeira semana após a alta hospitalar. Metodologia: Modelo de delineamento de estudo analítico, com análise qualitativa. A amostra do estudo foi definida por saturação, incluindo mães que retornaram para consulta no Banco de Leite Humano na primeira semana após a alta hospitalar. As participantes foram convidadas pela pesquisadora, sendo incluídas após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A coleta ocorreu em sala reservada, por meio de entrevista semiestruturada. As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas. O estudo foi aprovado no comitê de ética em pesquisa do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira CAAE: 85492224.8.0000.5269 sob o número de parecer 7.363.734. Resultados: Foram entrevistadas treze nutrizes, com mediana de idade de 28 anos, predominando mulheres jovens, negras (pretas e pardas, 53,9%), casadas (53,8%) e com ensino médio completo (69,2%). A maioria realizou mais de cinco consultas de pré-natal (92,3%), sendo que 76,9% receberam orientações sobre amamentação, ainda que de forma heterogênea quanto à frequência e ao formato. O conteúdo mais abordado foi a pega correta, seguido de manejo da amamentação e benefícios para mãe e bebê. As dificuldades relatadas incluíram dor, fissuras, posicionamento e sensação de leite insuficiente, sendo superadas em alguns casos com apoio do Banco de Leite. As mulheres apontaram como lacunas a superficialidade das informações, ausência de preparo para lidar com dificuldades iniciais e a necessidade de espaços exclusivos e humanizados para discussão da amamentação. Considerações finais: Os achados evidenciam que, embora a maioria das mulheres tenha recebido orientações sobre aleitamento materno no pré-natal, estas ainda são insuficientes e muitas vezes distantes das demandas reais das nutrizes. A assistência pré-natal desempenha papel central na preparação para a amamentação, mas requer práticas educativas mais humanizadas, acolhedoras e individualizadas. O fortalecimento de políticas e estratégias de promoção do aleitamento materno no pré-natal é fundamental para apoiar as mães, contribuindo para a continuidade da amamentação.