Resumo:

INTRODUÇÃO: Os desastres ambientais causam rupturas profundas no cotidiano de comunidades atingidas, provocando impactos materiais, sociais e psíquicos. O sofrimento coletivo gerado por essas situações, muitas vezes, é silenciado por práticas institucionais que não reconhecem suas dimensões simbólicas e subjetivas, comprometendo a efetividade das ações de saúde pública. OBJETIVO: analisar os impactos emocionais desses eventos e discutir o papel das ações públicas no acolhimento e cuidado das populações atingidas. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão narrativa da literatura, de natureza qualitativa, realizada a partir da análise de documentos publicados entre 2018 e 2025, com recorte temático voltado aos impactos psicossociais, sofrimento ético-político e estratégias institucionais de cuidado. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Identificou-se que os desastres ampliam vulnerabilidades já existentes, afetando de modo mais intenso mulheres, crianças, trabalhadores da saúde e populações empobrecidas. Os documentos revelam que o sofrimento psíquico, frequentemente reduzido a transtornos individuais, está inserido em um contexto de perdas territoriais, rompimento de vínculos afetivos e falhas na reparação social. As políticas públicas, embora presentes, muitas vezes se mostram fragmentadas, tecnicistas e distantes das realidades locais, falhando em reconhecer a legitimidade da dor coletiva. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A pesquisa evidenciou que o enfrentamento do sofrimento psíquico em desastres exige a integração entre cuidado psicossocial, reparação simbólica e justiça ambiental. A atuação da saúde pública deve ser ampliada, incorporando estratégias que reconheçam o sofrimento como expressão legítima de injustiças históricas e estruturais. Recomenda-se que futuras investigações abordem estudos de caso e práticas comunitárias de resistência, ampliando o repertório teórico e prático da atenção em saúde mental em contextos de emergência e desastre.