Resumo:

Introdução: Compreendendo a violência doméstica como fenômeno que transcende a agressão física, atingindo dimensões subjetivas, sociais e institucionais, reconhece-se sua capacidade de gerar quadros clínicos graves, como transtornos de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático. Objetivo: Analisar as consequências psicológicas da violência doméstica sobre a saúde mental de mulheres adultas e identificar os principais desafios enfrentados pelos serviços de atendimento multidisciplinar. Metodologia: Trata-se de uma revisão narrativa da literatura, com buscas realizadas nas bases SciELO, BVS, PePSIC, Google Acadêmico e Portal de Periódicos da CAPES, considerando publicações entre 2021 e 2024. Os critérios de inclusão abrangeram estudos empíricos e teóricos em português, disponíveis integralmente, com foco na interface entre violência doméstica e saúde mental feminina. Resultados e Discussão: Os estudos selecionados evidenciam que a violência doméstica compromete profundamente a estrutura subjetiva das mulheres, gerando impactos psíquicos duradouros e dificultando a autonomia, a autoestima e a reconstrução identitária. A atuação dos profissionais, embora ética, mostra-se limitada por barreiras estruturais, ausência de formação crítica e desarticulação entre os serviços. Considerações Finais: Conclui-se que o atendimento à saúde mental de mulheres em situação de violência deve ser reorganizado a partir de uma perspectiva interseccional, ética e psicossocial, que transcenda a lógica clínica tradicional e reconheça o sofrimento feminino como expressão de desigualdades históricas e sociais.